sexta-feira, 27 de junho de 2014

POR DETRÁS DO BLOGUE... JUNGLE FEVER

Isto pode parecer mais do mesmo mas é a mais pura das verdades: Simpatizei com esta rapariga desde o início. Nunca me esquecerei do dia em que, tendo nós falado uma ou duas vezes, e vendo ela que algo de errado se passava comigo, ela me mandou uma mensagem preocupada e a dizer que podia contar com ela. Essas coisas ficam guardadas na memória e no coração. Para além da simpatia, é também dona de uma beleza invulgar, exótica, e de um gosto pelos ares africanos que me fascinam. Não é rapariga de muitas palavras mas diz o que é necessário e isso basta. Quem a segue no seu Jungle Fever saberá certamente do que estou a falar. 

Desta vez, consegui arrancar-lhe mais palavras do que é habitual e digo mesmo que foi um gosto não só fazer a entrevista como sobretudo ler as respostas. 

Aqui fica a Sara...


Perguntas individuais

HIMA - És formada em Medicina Veterinária. O que te levou a escolher essa área? Como é a tua relação com os animais?
Sara - Desde que me conheço que quero ser médica veterinária. Os meus pais estão ligados à saúde (a minha mãe é enfermeira e o meu pai é médico) e eu queria estar também, mas não saúde humana.  O facto de um animal não se conseguir proteger, não ter más intenções e não conseguir perceber o que se passa ou o que lhe está a acontecer sempre me fez querer ajudar. 

És de Vila Real mas já trabalhaste em Cabo Verde e agora estás a fazê-lo no Reino Unido. Foi uma opção tua? Consideras-te uma cidadã do mundo? 
Sim, não saí de Portugal porque “precisava” ou porque “está mau”. Detesto esse discurso e não acredito que seja verdade. Nós não somos as  “outras pessoas”, somos um ser singular que cria e procura oportunidades que podem existir e provavelmente estão lá. Oportunidades e convites não faltaram em Portugal.
Fui para Cabo Verde investir e ir mais além do que o comum na minha área, fazer tudo o que conseguisse para ter o maior aproveitamento profissional possível - saí muito satisfeita e contente. A minha família paterna é de lá e fazia todo o sentido investir no país, em mim e nas minhas raízes. Foi uma experiência e tanto. A minha segunda casa.
Antes de Cabo Verde vivi na Turquia, uma experiência ERASMUS muito boa. Não queria o típico país europeu para estudar. Queria uma experiência cultural muito diferente da minha, queria contactar com outros costumes e, claro, melhorar profissionalmente – devo dizer que consegui tudo isso.
Respondendo à última questão: sim, considero. Quando saímos do nosso país e depois voltamos, não tarda muito começamos a ficar irrequietos, a pensar “para onde vou a seguir?” . Foi sempre o que me aconteceu e sempre tive necessidade de deixar Portugal para viver noutro local – já vou no terceiro. E o melhor destas experiências todas é dar conta de que há certas coisas, por mais pequenas que sejam, que só o nosso país nos pode dar. Sentir falta dessas pequenas coisas e ver que pertencemos ali e que o nosso país é realmente melhor em muitas coisas.

Associo-te imenso à Melissa pela quantidade de calçado da marca que já mostraste no blogue. Como começou essa paixão?
Começou em 2009 quando vi, pela primeira vez, os Lady Dragon da Vivienne Westwood. Como é possível uma pessoa não se apaixonar por aquele par?
Depois deixei-me embrenhar por todas as colecções e modelos.

Quem é o teu maior ícone de estilo?
Não tenho. Tiro bits and pieces daqui e dali. Assim como não tenho um estilo definido. Se gosto, compro e uso – não me abstenho só porque não se enquadra no meu estilo.
Adoro a Nicole Warne, assim como a Solange, mas é óbvio que não adopto na íntegra um estilo ou o outro. Adoro os anos 20 e os anos 40/50, mas nem por isso me vão ver como uma pinup.
Foi algo com que sempre batalhei na adolescência porque dão-nos a entender que temos que escolher lados – se hoje estou mais girly vou ter que ser girly forever e essas limitações sempre me chatearam profundamente. Tenho gostos muito variados, em todas as áreas, e é ok gostar de muita coisa.
Outra coisa é aborrecer-me muito facilmente – aquilo a que achava piada hoje, amanhã perde o interesse. Portanto não, não tenho nenhum ícone de estilo. 


Se alguém te conhecesse agora e te perguntasse quais são os teus maiores defeitos e virtudes, o que lhe dirias?
Well, tough one... É muito complicado ser imparcial comigo mesma mas vou tentar. Sou chata, bastante. E consigo ter tudo aquilo que quero, sou um bocado obstinada em ter sucesso. Como referi em cima, aborreço-me facilmente e posso ficar insatisfeita normalmente. Quando algo não me agrada, não consigo disfarçar – posso não dizer o que penso, mas as pessoas ficam logo a perceber o meu desdém. Quanto a virtudes, sou uma pessoa muito positiva e gosto muito de comunicar, tenho sempre opinião sobre todos os assuntos! (Isto é difícil!) Faço questão de tentar dar a volta a todas as situações menos boas. Gosto imenso de ajudar as pessoas.

Qual é a importância do Jungle Fever na tua vida?
É importante pois é algo que adoro fazer. Algo totalmente diferente do meu trabalho e da minha rotina. Eu dou muita importância às coisas de que gosto, mesmo que não tenham um impacto ou finalidade objectiva e concreta.
Devemos fazer sempre o que gostamos, desde as mais pequenas coisas – assim mantemo-nos sempre contentes, felizes e positivos.

Para ti, qual é a maior diferença entre o estilo de vida dos ingleses e o dos portugueses?
A maior diferença, que vejo no dia-a-dia, é mesmo os horários: é sempre tudo mais cedo. Refeições mais cedo, festas e saídas começam e acabam mais cedo também.

Tens algum animal de estimação no Reino Unido?
Não são meus mas vivo com dois gatos – a Molly e o Ollie.

Qual a cor que achas que melhor te representa? 
Penso que nenhuma em concreto. Gosto imenso de rosa, castanho, preto e dourado.

Orgulhas-te de poder dizer que és portuguesa?
Muito. Mais uma vez realço a importância de sair do país para ver como tem coisas boas e únicas.


Perguntas gerais

Se tivesses de escolher apenas três marcas para viver para o resto da tua vida (moda e beleza), quais seriam?
Que difíííícil... Melissa, Asos e Soap & Glory (brows make the face!).

De que forma é que o nome do teu blogue diz alguma coisa sobre ti?
Ora aí está uma boa pergunta! Nunca alguém me perguntou o porquê do nome do blogue. Jungle Fever é muitas vezes utilizado para definir uma relação inter-racial, no fundo, uma mistura.
Eu estava em Cabo Verde, África (onde não há selva, nem leões btw), e queria um nome que representasse directamente o africanism e, principalmente, as minhas misturas de estilo, gosto, opiniões e, também, das minhas raízes (portuguesa, cabo-verdiana e judaica –pick one!). O nome fazia todo o sentido e ficou.
Diz muito sobre mim porque sou uma mistura, como já referi: gosto de MUITA matéria, retiro coisas daqui e dali e junto-as à minha maneira, às vezes desordeiramente.

Se pudesses viver apenas do blogue e tivesses de abdicar de uma carreira profissional na tua área,  fá-lo-ias?
Só se o blog fosse muito self-fulfilling e me mantivesse muito ocupada e satisfeita. Dificilmente aconteceria porque eu investi muito na minha área profissional e vou continuar a investir. Era preciso ser algo muito muito muito bom e constante.


Obrigada Sara, ficou excelente! É por isto que me tem dado tanto gozo fazer esta rubrica de entrevistas.

Para a semana, temos entrevista com aquela que foi, provavelmente, a primeira blogger que comecei a seguir a sério e que é, para mim, uma autêntica inspiração.
Stay tuned...

10 comentários:

  1. Eu adoro a Sara, também foi uma pessoa com quem desde sempre me dei bem e senti uma ligação neste mundo que é a blogoesfera. Diria que é das melhores entrevistas que já li, por ser tão sincera e diferente! Mas a Sara é mesmo assim, e identifico-me com ela em muitos aspectos. Bom trabalho :)

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    1. Obrigada, Ana. E não podia concordar mais com aquilo que dizes, ela é mesmo assim!

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  2. a Sara é uma fofinha!!! <3 adorei esta rubrica fofiti! :)

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  3. Adorei a entrevista é sempre muito bom conhecer um pouco mais as pessoas por de trás dos blogues que vemos todos os dias :)

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    1. Por achar isso é que decidi iniciar esta rubrica e acho que está a valer a pena :)

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  4. Um dos meus blogues favoritos, adoro-a e quem fala assim não é gago! Ótima entrevista!

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  5. Sem dúvida que este é um dos meu blogs preferidos :) ela é um doce! E não conhecia o teu blog mas estou a adorar conhecê-lo :)

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  6. A Sara é um amor!! Sem dúvida das minhas favoritas :)

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